Dêem-me o poder sobre as bananas de um país e eu não quero saber quem faz as leis.
A.M Macacochield
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Este blog apenas reporta a realidade, sem seguir cartilhas políticas ou ideológicas, nem apoia extremismos de esquerda ou direita.Não toma partido em questões geo-políticas(sem deixar de condenar crimes de Guerra) .
Em 2015, Costa desembarcou em S. Bento a pregar, ao lado da extrema-esquerda, que quaisquer reformas só poderiam significar uma catástrofe: redesenhar os serviços públicos de modo a integrar prestadores privados destruiria os serviços públicos, rever o Código de Trabalho provocaria uma vaga de despedimentos, liberalizar o arrendamento poria toda a gente a viver na rua, e por aí fora. As reformas eram a peste. Costa tinha duas razões para essa demonização. Por um lado, precisava de fazer de conta que o reformismo de Passos Coelho, e não o despesismo socialista, tinha sido a causa da austeridade. Por outro lado, as reformas consistem em aligeirar o peso do Estado na sociedade, e o PS assenta o seu poder precisamente no peso do Estado. Era portanto urgente caluniar as reformas. Foi assim que mudar se tornou uma coisa má. Costa vinha "repor" tudo como estava antes. Não era bom? Melhor era impossível. Em 2019 e em 2022, a maioria dos votantes conformou-se. A economia estagnou, o país regrediu nas tabelas. Mas era como se não pudesse ser de outra maneira.
O financiamento do BCE permitiu a Costa pôr o país a descer as escadas do declínio gradualmente. Agora, o fim do dinheiro barato faz tremer este reino de fatalismo medíocre. Já não se trata de descer as escadas, mas de cair por elas abaixo. Os funcionários públicos terão no ano que vem a maior perda de poder de compra desde 2010. Notem bem: maior do que no tempo dos cortes da troika. Vão conformar-se? Vão continuar a acreditar que melhor é impossível, e que mudar é um perigo? Ou vão perceber que enquanto Costa estiver no governo, nunca haverá boas notícias? --- Artigo de Rui Ramos no Observador
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