Conhece Zohran Mamdani? Eu trato das apresentações. Desde a passada terça-feira, o sr. Mamdani é oficialmente o candidato democrata à câmara de Nova Iorque, logo o favorito a vencer as eleições de Novembro. Nasceu no Uganda, tem 33 anos e professa o islamismo e o comunismo. Defende que “a violência é uma construção social”, excepto a violência praticada pelos tribunais que condenam criminosos e pelos polícias que os prendem. Parece que quer substituir a polícia, que ele garante ser “racista” e “anti-queer”, por assistentes sociais nos bairros de maior criminalidade. Jura incentivar a imigração, legal ou ilegal não importa. Promete transportes públicos gratuitos, supermercados geridos pelo município e congelamento de rendas. Opõe-se aos construtores privados e, pelos vistos, a tudo o que cheire a privado. Propõe duplicar o salário mínimo e aumentar em dez biliões de dólares os impostos às grandes empresas e à riqueza patrimonial. Eu avisei que ele é comunista.

Também avisei que o sr. Mamdani é muçulmano. E xiita. E dos que acarinham uma susceptibilidade especialíssima a Israel e aos judeus. Sendo um “activista” pró-“Palestina”, apoia o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que visa o absoluto isolamento cultural e comercial de Israel. Apoia com igual empenho a “globalização da Intifada”, propósito que subscreveu em diversas ocasiões. Isto é, o sr. Mamdani defende a perseguição dos judeus onde quer que eles se encontrem e seja por que meios for. O que vale é que ele se diz pacifista e que, relembro, a violência é uma construção social. Além disso, como se viu na parte da habitação, construções sociais são uma das prioridades do homem.

 

Anti-semita? Nem por sombras: apenas um vulgar anti-sionista, leia-se alguém que não reconhece o direito de Israel a existir. Quando em entrevista o questionaram acerca desta última parte, o sr. Mamdani hesitou o suficiente para ficarmos esclarecidos. Aliás, na Assembleia do Estado de Nova Iorque de que tem sido membro, o sr. Mamdani recusou há semanas assinar uma resolução que assinalava o aniversário de Israel. E há cinco meses não assinou uma resolução que condenava o Holocausto. Se ele é anti-semita, qualquer dia até Goebbels é rotulado com o epíteto.

Antes de deslizar para a política, o sr. Mamdani teve uma carreira falhada enquanto “rapper”, com “canções” contra a “islamofobia” e a favor (ora adivinhem lá) da “Palestina”, o território que lhe ocupa a cabeça nos momentos em que não sonha arrasar NYC. Porém, o cadastro da criatura já vai longo que chegue, pelo que é escusado cavar fundo. Se cavarmos à superfície, verifica-se a curiosa composição socio-demográfica da base eleitoral do sr. Mamdani. As minorias estão com ele, leia-se a minoria muçulmana, que preencheu o lugar dos operários na hagiografia da esquerda. Os negros não estão particularmente com ele. Nem os trabalhadores menos abonados. Nem os pouco instruídos. Grosso modo, os eleitores do sr. Mamdani pertencem sobretudo à “maioria” democrata de Manhattan e Brooklyn: brancos, jovens, com remunerações muito acima da média ou filhos de famílias com remunerações muito acima da média. E, destaque-se, com formação académica superior. Na essência, são os agentes da “gentrificação” que ele anuncia combater.

Não sei como é que o sr. Mamdani resolverá a contradição acima. Ou como vai conciliar os delírios “identitários” do partido com a campanha regular nas mesquitas da “comunidade” que orgulhosamente integra. Ou como justificará o caos e o crime que as suas medidas agravarão junto das populações que finge proteger. Ou como irá gerir a Intifada na segunda cidade judaica do planeta. Mas o provável é que não precise de resolver, conciliar, justificar ou gerir coisa nenhuma.  Quem vota nele não está para subtilezas ou sofisticações de pensamento. O patrocínio inequívoco das “elites” que conquistaram os “media” e da ala mais tresloucada dos democratas (e a concorrência é feroz), de “Bernie” Sanders a Alexandria Ocasio-Cortez, esclarece o objectivo da empreitada de que o sr. Mamdani é o rosto: destruir. Destruir o “sistema”, o modo de vida, enfim o Ocidente, pedaço a pedaço. É preciso um grau assinalável de estupidez para que os moços e as moças que estudaram na Columbia e habitam em Tribeca participem com galhardia nesta guerra à sua própria existência. Donde a questão: quando é que as universidades desataram a formar idiotas?

O ensino dos “estruturalistas” franceses na América começou nos anos 1960. Os avisos de Alan Bloom em “The Closing of the American Mind” são de 1987. A “teoria crítica” e (desculpem) a “interseccionalidade” contaminaram mortalmente os currículos das “ciências sociais” [sic] na viragem do século. A sandice “woke”, os motins do BLM, as “reparações” e a remoção de estátuas entraram em rédea solta em 2020. A perseguição de judeus nos “campus” tornou-se legítima a 7 de Outubro de 2023. Façam as contas. E façam o favor de ter vergonha na cara sempre que vos apeteça enxovalhar os “iletrados” que, mereça ele ou não, escolhem Trump. São esses “iletrados”, os que prezam o esforço e a memória, aquilo que resta da América. Nova Iorque, repleto de mentecaptos com diploma e dinheiro, arrisca-se a ficar definitivamente de fora.

 
https://observador.pt/opiniao/um-jihadista-em-nova-iorque/