oplanetadosmacacospoliticos
Este blog apenas reporta a realidade, sem seguir cartilhas políticas ou ideológicas, nem apoia extremismos de esquerda ou direita.Não toma partido em questões geo-políticas(sem deixar de condenar crimes de Guerra) .
10 comentários
De EU SOU EU SOU a 22.09.2024 às 09:59
Schopenhauer era um grande ceptico da humanidade. No meio do seu cepticismo disse coisas profundas.
Prefiro vertentes mais construtivas e positivas. Pois eu creio que o momento atual é apenas a escolha entre trigo e joio e uma era de ouro aguarda-nos. Apesar dos nedia e políticos investirem tanto para nos convencerem do contrário
Prefiro vertentes mais construtivas e positivas. Pois eu creio que o momento atual é apenas a escolha entre trigo e joio e uma era de ouro aguarda-nos. Apesar dos nedia e políticos investirem tanto para nos convencerem do contrário
De O apartidário a 23.09.2024 às 09:34
Idade de "ouro" da imigração descontrolada
https://ionline.sapo.pt/2024/09/23/imig racao-dispara-para-valores-estratosferic os-com-lei-do-ps/
https://ionline.sapo.pt/2024/09/23/imig
De O apartidário a 24.09.2024 às 09:34
Notícias de julho 2023
A 'brecha' na lei portuguesa que terá permitido esquema de imigração ilegal
Uma associação criminosa poderá ter encontrado na lei da imigração, alterada em 2017, uma forma de fazer muito dinheiro. Conheça o alegado esquema que esta segunda-feira levou à detenção de seis suspeitos.
https://sicnoticias.pt/pais/2023-07-1 7-A-brecha-na-lei-portuguesa-que-tera-pe rmitido-esquema-de-imigracao-ilegal-48cc 555a
A 'brecha' na lei portuguesa que terá permitido esquema de imigração ilegal
Uma associação criminosa poderá ter encontrado na lei da imigração, alterada em 2017, uma forma de fazer muito dinheiro. Conheça o alegado esquema que esta segunda-feira levou à detenção de seis suspeitos.
https://sicnoticias.pt/pais/2023-07-1
De O apartidário a 24.09.2024 às 09:39
Notícias de Setembro 2017
O número de pedidos do novo regime de autorização de residência de imigrantes em Portugal disparou em mais de 1300% numa semana.
O SEF alertara que a nova lei poderia ter um “efeito de chamada” de imigrantes ilegais para o país. Porém, o executivo governamental e os restantes partidos da esquerda desvalorizaram o aviso.
https://expresso.pt/revista-de-impr ensa/2017-09-19-Nova-lei-da-imigracao-fa z-disparar-pedidos-de-autorizacao-de-res idencia
O número de pedidos do novo regime de autorização de residência de imigrantes em Portugal disparou em mais de 1300% numa semana.
O SEF alertara que a nova lei poderia ter um “efeito de chamada” de imigrantes ilegais para o país. Porém, o executivo governamental e os restantes partidos da esquerda desvalorizaram o aviso.
https://expresso.pt/revista-de-impr
De O apartidário a 27.09.2024 às 10:08
Duarte é filho de pais portugueses e aguarda há três anos pela atribuição da nacionalidade portuguesa. Segundo dados avançados ao Nascer do SOL pelo IRN, há mais de 428 mil pedidos pendentes.
https://sol.sapo.pt/2024/09/18/filhos-d e-portugueses-com-dificuldade-na-obtenca o-da-nacionalidade/
https://sol.sapo.pt/2024/09/18/filhos-d
De O apartidário a 24.09.2024 às 21:14
Francisco ofereceu-se para as Fundações Internacionais meta-capitalistas como aquele que irá criar a espiritualidade eco-naturalista que dará suporte à Nova Ordem Mundial, espiritualidade forjada ad extra na Declaração de Abu Dhabi e ad intra na Encíclica Fratelli Tutti, servindo-se da estrutura da Igreja Católica como a sua caixa de ressonância.
Estamos diante de um verdadeiro programa. Francisco nunca foi um papa comunista. Ele é papa globalista, que se prostrou diante das Fundações Internacionais e está preparando o caminho, como um verdadeiro precursor, para o apogeu desta nova religião universal. ( mais no seguinte link)
https://novomundo111.blogs.sapo.pt/a-ig reja-romana-no-labirinto-globalista-2788 5
Estamos diante de um verdadeiro programa. Francisco nunca foi um papa comunista. Ele é papa globalista, que se prostrou diante das Fundações Internacionais e está preparando o caminho, como um verdadeiro precursor, para o apogeu desta nova religião universal. ( mais no seguinte link)
https://novomundo111.blogs.sapo.pt/a-ig
De O apartidário a 27.09.2024 às 07:55
Rui Ramos no Observador
Não vou comentar as negociações do Orçamento. Não tentarei adivinhar o que querem o Governo e as oposições. Parece-me, porém, ter percebido o que queria o país quando votou a 10 de Março: libertar-se do governo do Partido Socialista. Mas nada neste mundo é sem equívoco. Esse voto podia ser interpretado de duas maneiras: uma abrangente, e outra restrita. Na interpretação abrangente, os portugueses votaram para ser governados de outra maneira. Na interpretação restrita, os portugueses votaram apenas para serem governados por outro partido, mas da mesma maneira. Creio não haver dúvidas sobre qual a interpretação preferida pelos actuais governantes.
Não falo de todos os ministros. Falo dos líderes políticos do governo. Se por acaso acreditam em alguma coisa, é que os seus antecessores socialistas descobriram a maneira certa de exercer o poder. As regras são simples. Primeira: clientelizar pensionistas e funcionários – e temos assim aumentos salariais para quase metade da função pública. Segunda: dirigir os benefícios, não aos cidadãos em geral, mas a certos segmentos, de modo a fomentar identidades assentes na dependência do Estado – e temos assim o IRS jovem. Terceira: uma dose de wokismo para aplacar o comentário televisivo – e temos assim a relutância de definir “mulher” e o boicote a Israel. O fim do exercício é óbvio: fundar um bloco eleitoral grato ao governo, e por isso avesso a arriscar alternâncias. Foi assim que o PS saltou por cima de escândalos e fracassos para vencer eleições. Foi assim que “mudar”, um slogan recorrente no fim do século XX, desapareceu do linguajar político.
Dir-me-ão: a direção política do governo só mostra sabedoria. Trata de escalar o poder usando a escada mais segura. Mas há aqui um problema. No PS, isto não era apenas um expediente: era uma ideologia, de quem acreditava e propunha que a sociedade deve ser comandada pelo Estado. O PSD, ao longo de décadas, pareceu acreditar e propor outra coisa: um Estado apenas subsidiário de uma sociedade civil autónoma e empreendedora. Foi esse o projecto de Sá Carneiro em 1980, de Cavaco Silva em 1985 ou de Passos Coelho em 2011. Era um projecto “liberal” e patriótico, porque concebido como a via adequada para tornar a nação mais livre, próspera e coesa. Apelava, ao mesmo tempo, à aspiração de independência pessoal e ao brio colectivo. Mobilizou gerações que desejavam ter casa própria, mas também viver num país a subir nos rankings da UE. Esse projecto, apesar do que o PS fez crer, ainda vale votos, ou não se teria passado nada a 10 de Março.
A liderança do governo não pode renegá-lo: primeiro, porque nunca conseguirá desviar para si toda a clientela do PS, e precisa do eleitorado tradicional do PSD; segundo, porque existem agora à direita outros partidos para lhe disputar essa herança e esses votos. Por isso, o governo evoca Cavaco Silva, e o seu mítico “deixem-me trabalhar”. Mas em 1985, Cavaco Silva não trabalhava simplesmente para ganhar eleições. Queria ganhar eleições, claro. Mas rompendo com o socialismo herdado do PREC. Não se propunha exercer o poder como os outros, mas libertar a sociedade civil e deixar os cidadãos, no novo contexto europeu, procurar o crescimento económico e a mobilidade social. Mais tarde, fez até esta coisa que ia contra toda a ciência de eleger maiorias: liquidou o monopólio estatal da TV. Hoje, porém, o que o actual governo parece propor-se é ganhar eleições fazendo o mesmo que o PS. O seu “deixem-nos trabalhar” soa cada vez mais como “deixem-nos ser como o PS”. Talvez não seja o que o país quer, e não é certamente o que o país precisa.
Rui Ramos no Observador
https://observador.pt/opiniao/deixem-no s-ser-como-o-ps/
Não vou comentar as negociações do Orçamento. Não tentarei adivinhar o que querem o Governo e as oposições. Parece-me, porém, ter percebido o que queria o país quando votou a 10 de Março: libertar-se do governo do Partido Socialista. Mas nada neste mundo é sem equívoco. Esse voto podia ser interpretado de duas maneiras: uma abrangente, e outra restrita. Na interpretação abrangente, os portugueses votaram para ser governados de outra maneira. Na interpretação restrita, os portugueses votaram apenas para serem governados por outro partido, mas da mesma maneira. Creio não haver dúvidas sobre qual a interpretação preferida pelos actuais governantes.
Não falo de todos os ministros. Falo dos líderes políticos do governo. Se por acaso acreditam em alguma coisa, é que os seus antecessores socialistas descobriram a maneira certa de exercer o poder. As regras são simples. Primeira: clientelizar pensionistas e funcionários – e temos assim aumentos salariais para quase metade da função pública. Segunda: dirigir os benefícios, não aos cidadãos em geral, mas a certos segmentos, de modo a fomentar identidades assentes na dependência do Estado – e temos assim o IRS jovem. Terceira: uma dose de wokismo para aplacar o comentário televisivo – e temos assim a relutância de definir “mulher” e o boicote a Israel. O fim do exercício é óbvio: fundar um bloco eleitoral grato ao governo, e por isso avesso a arriscar alternâncias. Foi assim que o PS saltou por cima de escândalos e fracassos para vencer eleições. Foi assim que “mudar”, um slogan recorrente no fim do século XX, desapareceu do linguajar político.
Dir-me-ão: a direção política do governo só mostra sabedoria. Trata de escalar o poder usando a escada mais segura. Mas há aqui um problema. No PS, isto não era apenas um expediente: era uma ideologia, de quem acreditava e propunha que a sociedade deve ser comandada pelo Estado. O PSD, ao longo de décadas, pareceu acreditar e propor outra coisa: um Estado apenas subsidiário de uma sociedade civil autónoma e empreendedora. Foi esse o projecto de Sá Carneiro em 1980, de Cavaco Silva em 1985 ou de Passos Coelho em 2011. Era um projecto “liberal” e patriótico, porque concebido como a via adequada para tornar a nação mais livre, próspera e coesa. Apelava, ao mesmo tempo, à aspiração de independência pessoal e ao brio colectivo. Mobilizou gerações que desejavam ter casa própria, mas também viver num país a subir nos rankings da UE. Esse projecto, apesar do que o PS fez crer, ainda vale votos, ou não se teria passado nada a 10 de Março.
A liderança do governo não pode renegá-lo: primeiro, porque nunca conseguirá desviar para si toda a clientela do PS, e precisa do eleitorado tradicional do PSD; segundo, porque existem agora à direita outros partidos para lhe disputar essa herança e esses votos. Por isso, o governo evoca Cavaco Silva, e o seu mítico “deixem-me trabalhar”. Mas em 1985, Cavaco Silva não trabalhava simplesmente para ganhar eleições. Queria ganhar eleições, claro. Mas rompendo com o socialismo herdado do PREC. Não se propunha exercer o poder como os outros, mas libertar a sociedade civil e deixar os cidadãos, no novo contexto europeu, procurar o crescimento económico e a mobilidade social. Mais tarde, fez até esta coisa que ia contra toda a ciência de eleger maiorias: liquidou o monopólio estatal da TV. Hoje, porém, o que o actual governo parece propor-se é ganhar eleições fazendo o mesmo que o PS. O seu “deixem-nos trabalhar” soa cada vez mais como “deixem-nos ser como o PS”. Talvez não seja o que o país quer, e não é certamente o que o país precisa.
Rui Ramos no Observador
https://observador.pt/opiniao/deixem-no
De O apartidário a 30.09.2024 às 15:07
O que é isso de 'bodies of culture'?
https://observador.pt/opiniao/o-que-e-i sso-de-bodies-of-culture/
https://observador.pt/opiniao/o-que-e-i
De O apartidário a 30.09.2024 às 15:42
Continuação
Em resultado dessa popularidade e, na verdade, de uma contínua polémica em torno da lista, Okun decidiu reformulá-la e expandi-la para que “as suas ideias pudessem ser corretamente compreendidas”. Usarei, daqui em diante, essa nova versão, de 2021.
Como facilitadora e consultora racial no mundo empresarial, o trabalho de Okun passa por mostrar de que modo as organizações e as empresas se encontram moldadas por princípios e valores que resultam de uma cultura de supremacia branca. É esse ambiente cultural que torna as empresas pouco inclusivas e incapazes de integrar formas alternativas de pensamento.
A lista compreende mais de uma dezena de características, como “medo”, “individualismo”, “sentido de urgência”, “culto da palavra escrita”, “direito ao conforto”, “perfecionismo”, “objetividade” ou “paternalismo”. Deixemos para outros textos o tema do “individualismo” e o modo como “perfecionismo” e “objetividade” se relacionam com a matemática. Por agora, concentremo-nos em duas daquelas características:
“sentido de urgência, apresentado como “dar prioridade a resultados de curto prazo sem considerar as implicações a longo prazo”, e
“direito ao conforto”, como “a exigência de conforto emocional e psicológico por parte daqueles que estão em posição de poder, ao mesmo tempo que o negam a quem não está em posição de poder”.
Não é difícil de nos relacionarmos com o que estas características podem ter de controverso. De facto, já aqui nos queixamos do modo acelerado dos nossos dias, que exigem respostas imediatas e impedem um pensamento lento, fruto da pressão tecnológica e da dinâmica de progresso que nos impele constantemente à ação. Aliás, frases que começam com “é urgente”, quando se está a falar sobre temas políticos ou sociais, devem colocar-nos, de imediato, em posição de alerta: é muito provável que esse tipo de formulação seja acompanhado por uma total desconsideração quanto à complexidade da vida, da realidade e da política. É, por isso, fácil sentir simpatia pela ideia de que o sentido de urgência pode ser problemático.
E o mesmo vale para o direito ao conforto, um conceito estranho para a filosofia: afinal, não é a essência da filosofia provocar desconforto por nos obrigar a parar, repensar, ser rigorosos com as palavras e vermos as coisas com novos olhos? Haverá maior prazer (intelectual, pelo menos) do que participar numa discussão (em aula, por exemplo) que nos confronta com diferentes argumentos e pontos de vista? E não é em situações de desconforto que pomos à prova as nossas qualidades e as nossas virtudes? Nessa medida, uma cultura que privilegia o direito ao conforto e a não ser perturbado ou ofendido pode ser, no mínimo, desinteressante.
Mas estas características assumem, na lista de Okun, um sentido totalmente racial:
o sentido de urgência é problemático porque “torna difícil reservar tempo para ser inclusivo” e frequentemente tem como resultado “sacrificar os interesses das comunidades de cor para obter vitórias para as pessoas brancas”; mas também “privilegia as pessoas que processam a informação rapidamente” e “sacrifica e apaga o potencial de outros modos de conhecimento e sabedoria que requerem mais tempo”.
e no caso do direito ao conforto, o problema está em “fazer de bode expiatório aqueles que causam desconforto, por exemplo, visando e isolando aqueles que denunciam o racismo em vez de abordar o racismo real que está a ser denunciado” e “sentir-se no direito de definir o que é e o que não é racismo”.
Continua
Em resultado dessa popularidade e, na verdade, de uma contínua polémica em torno da lista, Okun decidiu reformulá-la e expandi-la para que “as suas ideias pudessem ser corretamente compreendidas”. Usarei, daqui em diante, essa nova versão, de 2021.
Como facilitadora e consultora racial no mundo empresarial, o trabalho de Okun passa por mostrar de que modo as organizações e as empresas se encontram moldadas por princípios e valores que resultam de uma cultura de supremacia branca. É esse ambiente cultural que torna as empresas pouco inclusivas e incapazes de integrar formas alternativas de pensamento.
A lista compreende mais de uma dezena de características, como “medo”, “individualismo”, “sentido de urgência”, “culto da palavra escrita”, “direito ao conforto”, “perfecionismo”, “objetividade” ou “paternalismo”. Deixemos para outros textos o tema do “individualismo” e o modo como “perfecionismo” e “objetividade” se relacionam com a matemática. Por agora, concentremo-nos em duas daquelas características:
“sentido de urgência, apresentado como “dar prioridade a resultados de curto prazo sem considerar as implicações a longo prazo”, e
“direito ao conforto”, como “a exigência de conforto emocional e psicológico por parte daqueles que estão em posição de poder, ao mesmo tempo que o negam a quem não está em posição de poder”.
Não é difícil de nos relacionarmos com o que estas características podem ter de controverso. De facto, já aqui nos queixamos do modo acelerado dos nossos dias, que exigem respostas imediatas e impedem um pensamento lento, fruto da pressão tecnológica e da dinâmica de progresso que nos impele constantemente à ação. Aliás, frases que começam com “é urgente”, quando se está a falar sobre temas políticos ou sociais, devem colocar-nos, de imediato, em posição de alerta: é muito provável que esse tipo de formulação seja acompanhado por uma total desconsideração quanto à complexidade da vida, da realidade e da política. É, por isso, fácil sentir simpatia pela ideia de que o sentido de urgência pode ser problemático.
E o mesmo vale para o direito ao conforto, um conceito estranho para a filosofia: afinal, não é a essência da filosofia provocar desconforto por nos obrigar a parar, repensar, ser rigorosos com as palavras e vermos as coisas com novos olhos? Haverá maior prazer (intelectual, pelo menos) do que participar numa discussão (em aula, por exemplo) que nos confronta com diferentes argumentos e pontos de vista? E não é em situações de desconforto que pomos à prova as nossas qualidades e as nossas virtudes? Nessa medida, uma cultura que privilegia o direito ao conforto e a não ser perturbado ou ofendido pode ser, no mínimo, desinteressante.
Mas estas características assumem, na lista de Okun, um sentido totalmente racial:
o sentido de urgência é problemático porque “torna difícil reservar tempo para ser inclusivo” e frequentemente tem como resultado “sacrificar os interesses das comunidades de cor para obter vitórias para as pessoas brancas”; mas também “privilegia as pessoas que processam a informação rapidamente” e “sacrifica e apaga o potencial de outros modos de conhecimento e sabedoria que requerem mais tempo”.
e no caso do direito ao conforto, o problema está em “fazer de bode expiatório aqueles que causam desconforto, por exemplo, visando e isolando aqueles que denunciam o racismo em vez de abordar o racismo real que está a ser denunciado” e “sentir-se no direito de definir o que é e o que não é racismo”.
Continua
De O apartidário a 30.09.2024 às 15:45
Parte final do artigo
3O perigo da abordagem identitária
Quando criticamos este tipo de argumentação, devemos proceder com cautela: afinal, como Nellie Bowles nota, é muito provável que “a resistência à lista deva ser acrescentada à própria lista”. Mas há, desde logo, um problema na abordagem de Okun: é que ela não explica por que razão estas caraterísticas são reflexo de “branquitude” (pelo que só existiriam em sociedades “brancas”). Pelo contrário, adota um raciocínio circular: a sociedade norte-americana é marcada por supremacia branca porque apresenta características de supremacia branca que são aquelas que estão presentes na sociedade norte-americana de supremacia branca. Como acontece quase sempre no domínio identitário, o pressuposto de partida já está decidido: a sociedade norte-americana é uma sociedade de supremacia branca e tudo o mais é resultado desse postulado.
Okun poderia ter afirmado que são características da sociedade norte-americana, das sociedades ocidentais ou das sociedades capitalistas. Ou que resultam do desenvolvimento tecnológico ou da civilização moderna. Ou que são até traços do ser humano, cuja ambição parece sempre desmedida. Mas como as lentes raciais levam estas pessoas a interpretar tudo a partir da raça, Okun faz decorrer esses aspetos da “branquitude” e parece associar, com isso, a identidade negra a um certo primitivismo. Esta é, aliás, uma crítica frequentemente colocada a este tipo de argumentos: não se está com esta abordagem a menorizar os não-brancos, atribuindo-lhes um lado quase primitivo e selvagem, como se fez noutros tempos? E não constitui esta abordagem uma forma de paternalismo? (tanto Okun como DiAngelo são mulheres brancas)
Mas é possível que o maior perigo desta abordagem resulte do seu enquadramento filosófico: na medida em que estas teorias identitárias se baseiam em ideias nietzschianas e foucaultianas de poder e marxistas e leninistas de opressão, o objetivo destes ativistas é o de inverter aquilo que eles percecionam como as relações de poder e opressão. Para esse efeito, parecem ter recuperado o projeto civilizador que, durante o século XIX, muitos europeus afirmaram querer levar aos africanos e demais povos inferiores – agora em sentido inverso: o objetivo é civilizar os brancos no sentido de abandonarem os seus maus hábitos e ideias e adotarem as características da cultura superior negra.
Este exercício de poder não constitui surpresa: na lógica identitária, não há diálogo, compromisso e convivência – mas sempre só desentendimento, conflito e luta pelo poder, nomeadamente cultural. E também não é, por isso, surpreendente que, nos Estados Unidos, se fale cada vez mais na possibilidade de guerra civil.
Patrícia Fernandes no Observador, 30 Setembro
3O perigo da abordagem identitária
Quando criticamos este tipo de argumentação, devemos proceder com cautela: afinal, como Nellie Bowles nota, é muito provável que “a resistência à lista deva ser acrescentada à própria lista”. Mas há, desde logo, um problema na abordagem de Okun: é que ela não explica por que razão estas caraterísticas são reflexo de “branquitude” (pelo que só existiriam em sociedades “brancas”). Pelo contrário, adota um raciocínio circular: a sociedade norte-americana é marcada por supremacia branca porque apresenta características de supremacia branca que são aquelas que estão presentes na sociedade norte-americana de supremacia branca. Como acontece quase sempre no domínio identitário, o pressuposto de partida já está decidido: a sociedade norte-americana é uma sociedade de supremacia branca e tudo o mais é resultado desse postulado.
Okun poderia ter afirmado que são características da sociedade norte-americana, das sociedades ocidentais ou das sociedades capitalistas. Ou que resultam do desenvolvimento tecnológico ou da civilização moderna. Ou que são até traços do ser humano, cuja ambição parece sempre desmedida. Mas como as lentes raciais levam estas pessoas a interpretar tudo a partir da raça, Okun faz decorrer esses aspetos da “branquitude” e parece associar, com isso, a identidade negra a um certo primitivismo. Esta é, aliás, uma crítica frequentemente colocada a este tipo de argumentos: não se está com esta abordagem a menorizar os não-brancos, atribuindo-lhes um lado quase primitivo e selvagem, como se fez noutros tempos? E não constitui esta abordagem uma forma de paternalismo? (tanto Okun como DiAngelo são mulheres brancas)
Mas é possível que o maior perigo desta abordagem resulte do seu enquadramento filosófico: na medida em que estas teorias identitárias se baseiam em ideias nietzschianas e foucaultianas de poder e marxistas e leninistas de opressão, o objetivo destes ativistas é o de inverter aquilo que eles percecionam como as relações de poder e opressão. Para esse efeito, parecem ter recuperado o projeto civilizador que, durante o século XIX, muitos europeus afirmaram querer levar aos africanos e demais povos inferiores – agora em sentido inverso: o objetivo é civilizar os brancos no sentido de abandonarem os seus maus hábitos e ideias e adotarem as características da cultura superior negra.
Este exercício de poder não constitui surpresa: na lógica identitária, não há diálogo, compromisso e convivência – mas sempre só desentendimento, conflito e luta pelo poder, nomeadamente cultural. E também não é, por isso, surpreendente que, nos Estados Unidos, se fale cada vez mais na possibilidade de guerra civil.
Patrícia Fernandes no Observador, 30 Setembro