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O Sonho deles é Encostar o Nosso Mundo à Parede

Sábado, 11.01.25

A realidade é fértil em acasos. No Reino Unido, e sem dúvida casualmente, pelo menos entre 1997 e 2013 gangues traficaram, torturaram e violaram milhares e milhares de meninas “brancas” nascidas no que antigamente se chamava as classes baixas. Por acaso, os gangues eram compostos quase na totalidade por paquistaneses e na totalidade por muçulmanos. Por acaso, polícias, juízes, administração pública, políticos e “media” desvalorizaram o assunto, abafaram o assunto e conspiraram para intimidar os escassos excêntricos que achavam o assunto relevante, incluindo, com cínica frequência, as vítimas. Por acaso, sucessivos relatórios e inquéritos oficiais foram iniciados e concluídos sem consequências notórias, excepto a noção de que as atrocidades ficariam na vasta maioria sem castigo. Por acaso, somente uma percentagem residual dos criminosos foi condenada, poucos aqueceram uma cela prisional e, ao que consta, nenhum acabou extraditado. Por acaso, por boa parte do período em questão o responsável pela investigação dos crimes públicos era Keir Starmer, entretanto promovido a primeiro-ministro de um governo que prende perpetradores de frases “ofensivas” na internet. Por acaso, a portentosa miséria moral de tudo isto, que a lenda do convívio harmonioso de culturas distintas esmagou e esqueceu, regressou à actualidade após uns “tweets” recentes de Elon Musk, que o sr. Starmer se apressou a integrar na “extrema-direita”. Por acaso, chegamos a um tempo em que discordar da violação em massa e impune de crianças e adolescentes é ser de “extrema-direita”, logo “racista”, logo “fascista”, logo – cá vai – “Hitler”, o exacto “Hitler” que apoia o aumento da segurança no Martim Moniz.

Mas não é por acaso que misturo ambos os temas. Nos últimos dias, muitos dos cavalheiros e das senhoras que daqui a horas se manifestarão em Lisboa não deixaram, nos intervalos do kebab, de repescar o escândalo britânico para reproduzir – nos jornais, nas televisões, nas “redes sociais” – os argumentos (digamos assim) dos trabalhistas: o problema não é a violação social e racialmente selectiva de menores de idade e a respectiva cumplicidade dos diversos poderes, e sim o “aproveitamento” que Musk e a “extrema-direita” fazem de tal insignificância. É essa gente que hoje vai desfilar a partir da Almirante Reis, a soltar guichos alusivos à “injustiça” e à “discriminação”, ao “medo” e à “vergonha”, ao “racismo” e aos “direitos humanos”.

Não vale a pena notar que essa gente, cá e lá, é doentiamente hipócrita e, suspeito, sinceramente doente. Vale a pena notar que essa gente, que escorre virtude postiça e desumanidade autêntica, despreza por cálculo as infelizes estupradas como, se lhes convier, despreza os imigrantes decentes ou os demais objectos da sua oportunista atenção. O apreço dessa gente esgota-se naqueles, e naquilo, que ajudem a destruir a sociedade que temos, a vida que levamos, as pessoas que somos. O sonho deles é encostar o nosso mundo à parede, e disparar de seguida. A fúria “inclusiva” não nos inclui.

Alberto Gonçalves no Observador

https://observador.pt/opiniao/era-encostar-nos-todos-a-parede/

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publicado por O apartidário às 08:34


8 comentários

De O apartidário a 11.01.2025 às 08:41

A minha percepção é melhor do que a tua
É uma divertida ironia: para combater o argumento da direita de que há uma “percepção de insegurança” em Portugal, a esquerda invoca um ranking que se baseia largamente, imaginem lá, em percepções.

11 jan. 2025, 00:25 no Observador

É o novo mantra da esquerda portuguesa: para avaliar se Portugal é um país com problemas de segurança, não podemos, de maneira nenhuma, jamais, em tempo algum olhar para as percepções — temos de olhar só, apenas e exclusivamente para os números. O país, ao que parece, está firmemente dividido. De um lado temos a direita, sempre maléfica e composta exclusivamente por demagogos, que explora os sentimentos dos eleitores. Do outro lado temos a esquerda, inevitavelmente angelical e composta exclusivamente por especialistas renomados, que pretende educar o povo recorrendo a estatísticas e a factos irrefutáveis. A esquerda até tem uma bíblia em forma de ranking: dia sim, dia sim é invocado um estudo internacional que atesta que Portugal é o sétimo país mais seguro do mundo e o quinto mais seguro da Europa.

Este ranking tem um nome: “Global Peace Index”. Mas também tem, lamentavelmente, vários problemas para aqueles que o usaram por estes dias como uma bazuca política. A começar por este: um dos indicadores que ajuda a definir a posição de cada país no ranking chama-se, imaginem, “Nível da percepção de criminalidade na sociedade”. Os organizadores do “Global Peace Index” explicam no estudo que “a base para determinar as percepções de criminalidade” é a seguinte pergunta, que foi feita a uma amostra representativa de habitantes dos diferentes países: “Sente-se seguro a andar sozinho à noite na cidade ou área onde vive?”. É uma divertida ironia: para combater o argumento da direita de que há uma “percepção de insegurança” na sociedade portuguesa, a esquerda invoca um ranking que se baseia, precisamente, em “percepções de criminalidade” e em “sentimentos” de segurança.

Há mais. Este estudo, que nos coloca como “um dos países mais seguros do mundo”, baseia-se em muitas outras “percepções” além desta. O indicador “Nível de crime violento”, por exemplo, é determinado por um grupo de especialistas que responde à seguinte pergunta: “É provável que o crime violento represente um problema significativo para o governo e/ou para as empresas nos próximos dois anos?”. Como, apesar da existência de bolas de cristal, ainda não se inventou uma forma científica de determinar quais serão os acontecimentos que ocorrerão no futuro, somos forçados a concluir que esta avaliação terá, inevitavelmente, de ser feita com recurso às “percepções” dos analistas que foram consultados para o ranking.

Continua

De O apartidário a 11.01.2025 às 08:43

Outro indicador importante do “Global Peace Index”, o da “Instabilidade política”, também é definido por especialistas que respondem a perguntas sobre o futuro, como por exemplo esta: “Qual é o risco de se verificar um nível significativo de distúrbios sociais nos próximos dois anos?”. Cá está: mais percepções, mais opiniões e mais sentimentos.

Naturalmente, este estudo também usa dados quantitativos, como aqueles que contabilizam o número de presos ou de polícias. Há um “mas”: é que alguns desses números não têm absolutamente nada a ver com aquilo que debatemos em Portugal quando falamos em segurança. Aliás, esta é uma boa altura para notar que o ranking não se chama “Global Security Index”, chama-se “Global Peace Index”. Porque, precisamente, este ranking não é sobre os países mais seguros do mundo — é sobre os países mais pacíficos do mundo. A diferença é importante porque uma parte substancial dos indicadores usados para classificar os países avaliam o risco ou impacto de eventos como guerras civis, atentados terroristas ou conflitos externos. Vários países europeus desceram no ranking do último ano porque a guerra na Ucrânia os obrigou a gastar mais dinheiro nas Forças Armadas, o que os prejudicou no indicador “Militarização”. Apesar disso, a Grécia subiu no ranking pelo facto de ter melhorado as relações diplomáticas com a Turquia, o que a beneficiou no indicador “Relações com países vizinhos”.

Aliás, as “Relações com países vizinhos” têm maior peso na avaliação de um país do que o número de presos ou o “Nível da percepção de criminalidade na sociedade”. Ou seja: para o ranking que se transformou na tábua dos Dez Mandamentos da esquerda, a segurança de quem anda na rua no Martim Moniz ou na Estrela é menos importante do que a nossa capacidade coletiva de, enquanto povo, impedir Nuno Melo de invadir Olivença à frente de um esquadrão de cavalaria.

Tudo bem espremido, o argumento da esquerda neste debate resume-se a uma fórmula muito usada nos parques infantis de todo o país: “A minha percepção é melhor do que a tua”. Honestamente, não havia razão para esperar melhor do que isto.

Miguel Pinheiro no Observador

https://observador.pt/opiniao/a-minha-percepcao-e-melhor-do-que-a-tua/

De O apartidário a 12.01.2025 às 10:53

André Ventura falou aos média ontem na contra-manifestação a favor das forças de segurança (da PSP especialmente)

https://youtu.be/FfGswDxHncQ?si=BVgpx4eaNRccE6j4

De O apartidário a 12.01.2025 às 11:33

Manifestações em Lisboa este sábado, de que lado estamos?

https://youtu.be/CupEO8EBM3s?si=TbRRoa3eLwAxjR4V

De O apartidário a 12.01.2025 às 18:20

Apenas um dia depois da manif dos "não nos encostem à parede":

Sete feridos em rixa com arma branca entre dois grupos na Rua do Benformoso, em Lisboa
Número de feridos na rixa "entre dois grupos" de cidadãos de "nacionalidade estrangeira" sobe para sete. Três levados para o hospital e outros quatro receberam assistência nas instalações da PSP.


12 jan. 2025, 15:31 no Observador

De O apartidário a 13.01.2025 às 07:54

Um desabafo(com ou sem ironia),a culpa é da polícia e dos portugueses (do canal Abraço da verdade após a rixa de ontem Domingo na rua...sim sim,do Bem Formoso)

https://youtu.be/BwV9hQiYjxs?si=YLuzNTMdDaUikAuu

De O apartidário a 11.01.2025 às 09:28

Análisis profundo sobre la transformación del Reino Unido en un estado de vigilancia digital bajo el gobierno de Keir Starmer, revelando un sistema sin precedentes de control social que podría expandirse globalmente. El documento expone las nuevas leyes de censura, el sistema de monitoreo masivo y las implicaciones para la democracia occidental.(do canal Marc Vidal)


https://youtu.be/3nb77Higbt8?si=-FK6TTWlvtKLuhjY

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